Das origens às particularidades culturais na Escandinávia e Grécia
Por Michel Sales
No início dos anos 80, como subgênero do Heavy Metal, o Black Metal surgiu caracterizado por uma sonoridade mais extrema, atmosfera sombria e temáticas que frequentemente desafiam normas sociais e religiosas.
A natureza do estilo impregnou riffs de guitarra rápidos e repetitivos, criando uma sensação de hipnose e intensidade em meio a vocais rasgados, agudos e muitas vezes distorcidos, transmitindo dor ou agressividade sob uma 'cozinha' também ríspida de brutalidade.
Os teclados são outro destaque no estilo, ressaltando elementos atmosféricos, criando uma sensação de escuridão, melancolia ou grandiosidade.
O Black Metal também ficou conhecido por explorar temas como Anticristianismo e Satanismo; Paganismo e Mitologia; Natureza e Misantropia; além do Ocultismo e da Filosofia, refletindo profundamente a sobre a morte, o misticismo e a existência.
A primeira onda (1980s) destacou bandas como Venom (Welcome to Hell, 1981), Bathory (Under the Sign of the Black Mark, 1987) e Celtic Frost definindo as bases do gênero, misturando Thrash Metal com temáticas satânicas e atmosferas obscuras.
Já na segunda onda (1990s), o Black Metal ganhou forma na Escandinávia, especialmente na Noruega, com bandas como Mayhem, Darkthrone, Burzum e Emperor impregnando uma pegada mais extrema, com sonoridade crua e forte oposição à religião, motivando polêmicas diversas, com incêndios de igrejas, assassinatos e rivalidades que logo tornaram o movimento notório globalmente.
Entrando nos anos 2000, o gênero se expandiu e incorporou novos elementos, dando origem a subgêneros como Black Metal Atmosférico e Sinfônico, também reforçando a estética visual do estilo, com forte maquiagem branca e preta imitando rostos cadavéricos, além das vestimentas predominante preta, simbologias ocultas, spikes e couro.
Dentre os cenários, o Black Metal ainda aposta nas florestas, montanhas ou ruínas em suas capas de álbuns e fotos promocionais.
Hoje, o Black Metal transcendeu a música para se tornar um fenômeno cultural, sendo uma expressão de resistência à normatividade, à religião institucionalizada e à sociedade de massas. E apesar de polêmico, é um dos gêneros mais influentes e diversificados do metal extremo.
ESCANDINÁVIA
O Black Metal escandinavo é o epicentro do movimento global do Black Metal, sendo notório tanto pela música quanto pelo impacto cultural, que inclui polêmicas, confrontos religiosos e estéticas extremas.
A Noruega é o coração do movimento e onde ocorreram os eventos mais marcantes da história do black metal. Bandas icônicas como Mayhem, Darkthrone, Burzum, Emperor são grandes destaques no estilo.
A Noruega também ampliou atenção sobre o Black Metal a partir dos incêndios ocorridos em igrejas, as rivalidades entre músicos e o assassinato de Euronymous por Varg Vikernes, tornando a cena extremamente controversa.
Já na Suécia, o Black Metal surgiu mais melódico e variado, com influências de death metal, destacando o Bathory, Dissection e Marduk. Na Finlândia, a cena ficou conhecida por sua abordagem mais experimental e emocional. Bandas icônicas como o Beherit, Impaled Nazarene, Horna são os grandes destaques.
GRÉCIA
O Black Metal grego tem uma identidade única dentro do cenário global do gênero. Surgindo nos anos 80 e ganhando destaque nos anos 90, ele ficou conhecido por incorporar elementos da mitologia grega, história antiga e filosofia, criando uma atmosfera épica e mística que o diferencia de outras cenas, como a norueguesa ou sueca.
Muitas bandas gregas utilizam melodias orientadas por escalas tradicionais, riffs harmônicos e solos que criam uma sensação de grandiosidade.Além do tradicional vocal rasgado, é comum encontrar vocais limpos, declamações e até corais que reforçam a aura mitológica.
A mitologia grega também é impregnada de paganismo, filosofia pré-socrática e histórias da antiguidade que reforçam os temas centrais das canções, afastando-se mais do foco puramente anticristão ou satanista comum em outras cenas.
Dentre as bandas mais importantes, são destaque o Rotting Christ como os mais influentes da cena local, fundindo black metal com elementos góticos, industriais e folclóricos ao longo de sua carreira; Varathron: Outra peça-chave, conhecida por misturar black metal com riffs mais lentos e pesados; Necromantia: Inovadora ao usar baixo de 8 cordas no lugar de guitarras, criando uma sonoridade única; Septicflesh: Embora tenha evoluído para um estilo sinfônico, suas raízes no black metal podem ser vistas em álbuns como "Mystic Places of Dawn" (1994).
Nos anos 90, o black metal grego consolidou sua relevância global, especialmente por meio do selo Unisound Records, que ajudou a divulgar bandas locais. Apesar de não ser tão controversa quanto a cena norueguesa, o cenário grego ganhou respeito pela originalidade e autenticidade.
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