quarta-feira, 4 de janeiro de 2023

LITERATURA

Artista 'roraimada' ilustra obra regional sobre Canaimé

 Livea rabiscou no livro inédito do jornalista Michel Sales


Mítico e sublime na crença das tribos Macuxi e Wapixana, o Canaimé comumente é retratado como uma figura horrenda e maléfica contra os povos nativos. Nesta concepção, a artista Livea Carmo, de 23 anos, desenvolveu seu próprio 'Rabudo', apelido também comum ao Canaimé. Seu grafismo complementa a obra literária inédita do jornalista Michel Sales, que traz ainda outros personagens lendários, além de simbologias diversas da cultura indígena roraimense.

Adoro a cultura dos povos originários, bem como a diversificação de sua arte. Roraima é uma região onde habitam várias etnias indígenas, e nessa convivência, todos se misturam rebuscando conhecimentos. Assim, foi fácil aceitar o convite do Michel, abraçando com entusiasmo e carinho esta oportunidade. Sua composição é bastante envolvente, e dela eu pude extrair os detalhes mais sensíveis para conciliar traços leves e assegurar beleza ao enredo, tendo ainda como referência especial as linhas do memorável Jaider Esbell para retratar também os buritizais, Cruviana, Tepequém, Monte Roraima e os bichos aos redores”, explicou.

Para a concepção do Canaimé, Livea enfatizou. “Sendo o Canaimé responsável por acontecimentos danosos, percebi no texto uma maneira específica de identificá-lo, quando num trecho revela seu poder e presença como entidade traiçoeira - “Um susto identifica Canaimé e ele está aqui, desabando o medo, a tristeza, a mudança, desfigurando o azul e as formas, agravando o caos, remetendo ao fim” - dessa narrativa, ilustrei uma sombra com muitos olhos medonhos marcando a presença de Canaimé em toda Taumanan”, disse.

Além de Canaimé, a obra literária de Michel Sales também identifica outros personagens importantes da simbologia indígena roraimense, reforça Livea. “O livro deve ser lançado em breve, e toda a arte desenvolvida nele está especialmente em preto e branco numa forma de aproximar o leitor à narrativa, remetendo a chance de colorir as concepções, permitindo sua integração na construção literária”, concluiu.

 

A ILUSTRADORA

Natural de Rondônia (RO), Livea adotou o universo roraimense como berço cultural ainda na infância, onde aprendeu a desenvolver seu talento com desenhos ao lado de seu pai, Marcelo Dionísio, também artista plástico. Desde 2019, Livea vive no Rio Grande do Sul, onde está concluindo o curso de Licenciatura em Artes Visuais pela UFPEL (Universidade Federal de Pelotas).

Segundo a artista, a paixão pelos desenhos é um mix de total emoção. “Além do meu pai como autêntico influenciador, as animações cinematográficas também me encantam bastante e instigam o meu foco profissional. Na faculdade, estudamos diferentes estímulos sobre a estruturação dos desenhos, desde Construções Geométricas, Perspectiva, Sombras, Histórias em Quadrinhos e tudo isso eu aprecio demasiadamente”, concluiu.


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