domingo, 10 de dezembro de 2023

SEPULTURA

Sepultamento ou golpe?

Por Michel Sales

 

No ápice da criatividade, o Sepultura anunciou em dezembro de 2023 sua despedida dos palcos após 40 anos erguendo a bandeira do Brasil no cenário metálico mundial.

Fundada em 1984, em Minas Gerais, a banda já trilhou caminhos ardentes por toda a Terra, percorrendo cenários épicos e aterrorizantes, anunciando a miséria disseminada, a corrupção desenfreada, além dos sintomas da violência e das guerras sob o transtorno do bruxismo.

Mas seria mesmo o fim do Sepultura e seu Thrash com elementos tribais ou somente mais uma chance comercial de retomar a fama, angariando fundos exorbitantes, reconquistando seu espaço nos grandes palcos e depois anunciar uma nova pedrada?

Em João 11:38–39, Lázaro foi sepultado numa caverna, e Jesus foi até lá. Havia uma pedra fechando o sepulcro e Jesus mandou que a removesse. Depois, em voz alta, disse a Lázaro que saísse da caverna, e Lázaro saiu. Ou seja, tanto a Bíblia quanto o tempo e o espaço remoto já demonstraram infinitas vezes que a morte chega, mas o renascimento também é uma possibilidade para os imortais sob seus legados extraordinários. Sendo assim, vide o Kiss, Motley Crue, Black Sabbath, Queen, Manowar e outros. Certo é que num mundo onde as verdades são subjetivas, precisamos mesmo interpretar as 'mentiras não existentes'.

Todavia, a notícia do sepultamento do Sepultura só não pegou de surpresa as viúvas de Max e Igor Cavalera, pelo contrário, seus vibradores atiçaram novos sorrisos e êxtase inconstantes com seus cuzinhos piscando feito luzes de Natal, enquanto os amantes da fase 'Fumaça' não mais presenciarão - tão cedo - um trampinho novo do tipo Revolusongs, Roorback, Kairos, Mediator... ou Quadra, por exemplo, trabalhos singulares dentre os que mais renderam atenção na discografia remendada da banda.

E já em sua última fileira de shows - que deverá durar mais de 18 meses - o Sepultura também promete lançar em breve uma série de caça-níqueis, dentre livros, gibis, chaveiros, bexigas de aniversário, preservativos, consoles, cuecas de couro e etc., com objetivo de assegurar ainda mais os negócios da marca, do que somente perpetuar os berros estridentes de Derrick Green (V), as arranhadas sonoras de Andreas Kisser (G), os embates afônicos de Eloy Casagrande (D), no que antes fosse tão somente a substituição de Paulo Xisto (B), vulgo 'Bicho Preguiça'.

Mas vamos que vamos, pois ter fé em Cristo está entre os princípios do evangelho de João, que diz: “Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, nunca morrerá (11:25–26)”. Enquanto isso, aguardemos os próximos capítulos, pois a história sempre se repete e uma reunião com os caras originais é inevitável, sendo que dessa vez nem Glória ou Yoko Ono poderão separar o Sepultura de novos trabalhos.



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