As cinco malas da sogra que (infelizmente) não derrubaram o avião
Por Michel Sales
Rata... dona Rata seria uma sogra perfeita, não fossem seus tics e tocs. Faladeira, a velhinha também adora passear, ou seja, gastar gasolina.
Enfim...
Mesmo
com toda sua dificuldade de locomoção, dona Rata é um ser cabeça-dura demais,
tanto quanto um prego ou parafuso enferrujado na madeira.
E
sendo assim, em suas horas sempre vagas, dona Rata também adora gastar milhares
de créditos ligando para saber se estão “deboas” seus trezentos filhos e
quinhentos netos.
Certo
dia, não tendo mais palavras cruzadas para resolver, esparramada em sua cadeira
de balanço no Paralândia, dona Rata decidiu passar mais uma longeva temporada com seu
amado genro, em Rorailândia. Um moço cordial, amante extremo da paz e da harmonia.
Daí,
pelo décimo ano consecutivo, dona Rata aprontou sua única e humilde mala e,
saindo do Paralândia, atracou no estado do genro.
Dias
depois, após uma novela e outra, ela saía todas as tardes para chupar dindin. E
assim era sua vida ao lado de seu galanteador e amado genro, o qual ela sempre
ficava de olho arregalado por sua beleza descomunal.
Então,
mais infinitos dias foram passando com dona Rata “deboas” lavando roupa (todos
os dias), ligando todas as luzes da casa (todos os dias), falando alto e etc. e
etc. e tal... (todos os dias).
Até
que num dia realmente muito lindo, dona Rata resolveu - do nada - voltar para
seu multiverso no Paralândia, levando um montão de tralha que havia acumulado durante
a metade de um ano ferrenho ao lado de seu genro, em seus "dias de
glória".
Daí,
quando o avião e toda a tripulação aguardavam apoteótica sua chegada, a
companhia aérea - num susto - percebeu que dona Rata carregava, não uma, mas
cinco malas extragrandes.
Então,
nesse vislumbre frenético, a preocupação dos passageiros foi igualmente enorme,
visualizando a possibilidade de o avião cair.
E
foi nesse momento que seu amado genro buscou intervir na tragédia anunciada,
aconselhando dona Rata a renunciar seu montante de trapos, pois não queria
perder sua sogra de uma forma tão trágica e urgente, além da tripulação
inocente que nada tinha a ver com tamanha teimosia dos infernos.
No
mais, o genro - sem sucesso - agarrou a mão de sua mulher e juntos disseram:
"Seja o que Deus quiser, PQP!"
E rogando a Deus - em oração constante - suplicaram para que dona Rata chegasse saudável no inóspito Paralândia, com todas aquelas cinco gigantescas malas repletas de farinha, mandioca, vatapá e fraldas...
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